fbpx
  • Home
  • Em webconferência com empresários, Henrique Meirelles defende aporte de recursos a fundo perdido para minimizar crise no setor sucroalcooleiro

Em webconferência com empresários, Henrique Meirelles defende aporte de recursos a fundo perdido para minimizar crise no setor sucroalcooleiro

 

Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, o ex-ministro Henrique Meirelles defendeu investimentos diretos do governo federal nas empresas do setor sucroalcooleiro, um dos mais afetados pela crise provocada pela pandemia da Covid-19. Durante webconferência promovida pela TV TEM no final da tarde desta terça-feira, 5 de março, ele sugeriu que a União faça “aporte de recursos a fundo perdido” no setor. Segundo Meirelles, empréstimos podem ajudar durante a crise, mas depois podem deixar as empresas ainda mais endividadas. Daí a solução apontada por ele, que também deveria se estender a empresas de outros setores que mais sofrem com a pandemia. O secretário da Fazenda do govenador João Doria afirmou que a medida já vem sendo adotada em países europeus para tentar fazer com que a economia supere a crise.

 

O setor sucroalcooleiro é uma das principais atividades econômicas do interior paulista. A queda no consumo de etanol, com a redução do tráfego de veículos em virtude das medidas de isolamento social para conter a contaminação da população pelo coronavírus, abala fortemente a cadeia produtiva do setor.

 

Colega de partido de Meirelles no MDB, o deputado estadual Itamar Borges ressalta a importância que desde já se busque soluções para o setor, como a apontada pelo secretário no webinário da TV TEM. Presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembleia Legislativa e da Comissão de Atividades Econômicas da Casa, Itamar disse que a iniciativa da emissora também abriu um clarão no cenário de incertezas econômicas criado pela pandemia.

 

Mediado pela jornalista Andrea Beron, a conferência promovida pela TV TEM também contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, do presidente do Conselho da Rodobens, Waldemar Verdi Junior, do presidente da própria TV TEM, Stefano Hawilla, e da diretora-geral da emissora, Renata Afonso. A discussão foi acompanhada, principalmente por empresários e executivos, que puderam fazer perguntas aos participantes durante a conferência, cujo tema foi o “Cenário Econômico do Interior de São Paulo em Tempos de Crise”.

Em quase duas horas de transmissão pela internet, os empresários deram detalhes desse cenário provocado pelas políticas de isolamento social, mas também falaram de perspectivas para o futuro pós-pandemia.

 

Cenário de otimismo

Waldemar Verdi e João Sanzovo se disseram otimistas quanto à recuperação da economia, em especial no Estado de São Paulo. Ambos esperam uma flexibilização “gradual e responsável” das políticas de isolamento, principalmente no interior, a partir do anúncio que o governador Doria fará nesta sexta-feira, 8 de março. Mas concordaram com Meirelles que a situação poderia ser pior, do ponto de vista sanitário e econômico, se o governo não tivesse tomado as medidas que tomou até o momento para preservar a quarentena.

Meirelles afirmou que o governo tem feito reuniões diárias para estudar como deve ser feita a flexibilização do isolamento, com análises regionais e setoriais. Questionado sobre quais regiões e setores no Estado que podem ser beneficiados com a flexibilização, ele preferiu não antecipar as medidas que serão anunciadas por Doria.

 

Verdi destacou que as empresas devem focar as políticas de caixa. Segundo ele, é preciso buscar recursos onde puder e evitar gastos, não só agora, mas também quando a Covid-19 estiver controlada. Ele também disse ter dúvidas se o governo federal tem os recursos necessários para fazer os “aportes a fundo perdido” em empresas sugeridos pelo secretário estadual da Fazenda.

 

Sobre os negócios em que atua, Verdi explicou que a crise quase não afetou os empreendimentos imobiliários. Ele disse que as obras da Rodobens estão todas em andamento. Mas que no setor de revenda de veículos, a pandemia chegou a provocar queda de 60% na venda de carros e de 40% na de caminhões.

 

Alta dos preços

O presidente da Abras foi questionado sobre o receio de alta nos preços em supermercados. Ele disse não acreditar na possibilidade. “Há uma queda na renda do consumidor e o setor é bastante competitivo, briga com os fornecedores”, disse. Ele também explicou que as cadeias produtivas, em especial a de alimentos, não pararam e que, por isso, não há falta de produtos.

 

Os dois empresários também acham que o sistema de trabalho em “home office”, que se intensificou durante o isolamento, veio para ficar. Para Verdi, o sistema trouxe até ganho de eficiência e redução de custos nas empresas.

 

Waldemar Verdi também fez uma análise macroeconômica da situação e das medidas que precisam ser adotadas pelo governo. Depois de lembrar que, impulsionado pelo setor agrícola, em especial de alimentos, a projeção anual é de superávit de US$ 47 bilhões na balança comercial brasileira, mesmo diante da crise, o cenário pós-pandemia vai estimular e até pressionar governo e Congresso a fazer as reformas que o Brasil, como a tributária e do Estado, para reduzir os custos da máquina pública. Ele também defendeu que o governo aproveite a situação para retomar as privatizações e se abrir para investimentos estrangeiros no setor de infraestrutura, como no de saneamento básico.